Aumenta procura por aluguéis em bairros de Porto Alegre poupados pela cheia

Sophia Spadão

Sophia Spadão

Conteúdo criado por humano

03 jul, 24 | Leitura: 8min

Atualizado em: 20/08/2024

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Após as enchentes no Rio Grande do Sul, houve um aumento na procura por aluguéis em Porto Alegre. Veja o que esperar.

Dois meses após as inundações que afetaram cidades da Região Metropolitana nos dias 3 e 4 de maio, observa-se um aumento significativo na procura por aluguéis em Porto Alegre. Muitos moradores de bairros centrais, como Menino Deus, Centro e Cidade Baixa, estão optando por se mudar para áreas menos expostas a riscos de enchentes, como Santana, Petrópolis, Passo da Areia, Bom Fim e Partenon.

Mudanças na Demanda e Impacto nos Preços

Esse movimento está refletindo no deslocamento da demanda e no valor médio dos aluguéis. Dados recentes mostram que Porto Alegre teve a quarta maior variação de preços por metro quadrado no país, com um aumento de 1,53% no mês de maio. Pesquisas indicam que a busca por imóveis em certas áreas da cidade aumentou mais de 60%, demonstrando um interesse crescente em regiões menos afetadas por eventos climáticos recentes.

Nos bairros afetados pelas inundações, como Menino Deus, Praia de Belas, Centro e Cidade Baixa, é comum ver placas de “aluga-se” ao lado de marcas d’água nas fachadas. Em contrapartida, bairros como Santana, Petrópolis, Passo da Areia, Bom Fim e Partenon estão absorvendo parte dessa demanda.

Perfil dos Imóveis e Picos de Demanda

Mario César Soares, diretor de aluguéis da Auxiliadora Predial, explica que 50% das moradias na Capital são casas e 50% são apartamentos. Contudo, 90% dos imóveis disponíveis para locação são apartamentos. A partir de 15 de maio, houve um pico de demanda, com muitas pessoas procurando alternativas para evitar permanecer em hotéis ou na casa de familiares.

Alguns proprietários de casas em áreas planas também decidiram alugar apartamentos em zonas elevadas, contribuindo para o aumento da procura por aluguéis. Soares ressalta que, caso houvesse mais oferta, não haveria problemas em transformá-la em novos contratos, dada a atual conjuntura do mercado.

Aumento nas Visitas e Contratos Fechados

Rafael Spolavori, diretor de Aluguéis da Guarida, comenta que a procura se intensificou a partir do dia 20 de maio. Após duas semanas com quase nenhuma assinatura de contrato, maio fechou com um crescimento de 23% nos atendimentos realizados. Em junho, houve um novo aumento de 9% nas visitas, resultando no maior Valor Geral de Aluguel (VGA) da história da empresa, com o dobro das cifras apuradas em maio.

Foram mais de 5 mil visitas em junho, com alguns imóveis atraindo até quatro interessados pela mesma oferta, o que elevou os preços médios. Spolavori destaca que junho foi o mês em que mais se alugou imóveis em termos de valor geral de locação.

Tendência de Alta nos Preços dos Contratos

O aumento na procura por aluguéis em Porto Alegre está impulsionando os preços dos contratos. Mario César Soares aponta que o cenário atual em Porto Alegre é fruto de um movimento de demanda. Alberto Ajzental, coordenador do curso de Negócios Imobiliários da Fundação Getulio Vargas (FGV), acrescenta que essa realidade tende a se repetir em outras cidades afetadas pela enchente.

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Os preços dos aluguéis já vinham subindo nos últimos 24 meses, com reajustes na casa dos dois dígitos. Em 2023, o reajuste dos contratos foi de 14,8%, três vezes a inflação oficial, que ficou em 4,65% no mesmo período. Ajzental prevê que o impacto inflacionário continuará, especialmente devido ao processo migratório em curso, com muitas famílias deixando suas cidades em busca de oportunidades em outras.

Movimentações nos Bairros de Porto Alegre

Centro: As locações caíram 34% entre maio e junho de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, o preço médio do metro quadrado subiu 14,5%, de R$28,16 para R$32,24. Esse aumento é atribuído à migração da procura das regiões mais baixas para as áreas mais altas, consideradas mais seguras e nobres.

Petrópolis: Houve um aumento de 20% na quantidade de contratos e o valor médio do metro quadrado avançou de R$36,73 para R$46,57. A demanda por imóveis de ticket médio mais alto em uma região não-alagada e pouco afetada pela enchente explica esse crescimento.

Santana: Registrou crescimento de 38% na quantidade de locações, mas o preço do metro quadrado permaneceu estável. Santana, um bairro pouco afetado e com ticket médio mais baixo do que Cidade Baixa, Centro e Bom Fim, atraiu clientes de regiões periféricas buscando opções menos expostas.

Menino Deus e Cidade Baixa: Ambos tiveram queda de 35% na procura. O preço do metro quadrado para dois dormitórios permaneceu estável, enquanto os imóveis de um dormitório tiveram uma queda de 11%. A estabilidade dos preços sugere que a demanda está se deslocando para outras regiões.

Bom Fim: Absorveu parte da demanda de moradores da Cidade Baixa e do Menino Deus, com um aumento de 15% na procura e um preço médio por metro quadrado 7,6% superior, passando de R$30,68 para R$33,01. A proximidade com as áreas afetadas e o perfil de busca por moradias próximas da anterior impulsionaram essa demanda.

Sarandi: Apesar de ter sido uma das áreas mais afetadas pela enchente, registrou um aumento de 34,5% na procura. O comportamento dos preços variou, com um aumento de 10,7% (de R$ 19,67 para R$ 21,77) para imóveis de dois dormitórios, mas uma queda de 11,9% (de R$ 24,53 para R$ 21,62) para ofertas de um dormitório. A procura por regiões mais distantes do Guaíba e mais elevadas dentro do mesmo bairro explica essa movimentação.

Como Agir?

O atual cenário para os aluguéis em Porto Alegre é fruto de um aumento significativo na demanda. Com tantas famílias deslocadas e buscando novas moradias após as enchentes, o mercado imobiliário está se ajustando rapidamente. No entanto, é importante que imobiliárias e corretores lembrem-se do impacto humano por trás desses números.

Neste momento de necessidade, é essencial que todos os profissionais do setor imobiliário adotem uma abordagem empática e colaborativa. Oferecer suporte e opções acessíveis para aqueles que foram afetados pelas enchentes pode fazer uma grande diferença na recuperação dessas famílias. Enquanto o mercado se adapta, a prioridade deve ser ajudar a reconstruir vidas e comunidades, mostrando que o setor imobiliário também tem um papel crucial no bem-estar social.

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Fonte: GZH

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