Imóveis de luxo em alta: dados revelam o crescimento do VGV em 2024

O mercado imobiliário de luxo brasileiro alcançou um marco histórico em 2024. Com recordes em lançamentos, vendas e volume geral de vendas (VGV), o segmento de imóveis de alto padrão provou ser uma força vital para a economia do país. Esse crescimento expressivo reflete não apenas a resiliência do setor, mas também a transformação no perfil dos compradores, que buscam cada vez mais qualidade de vida e bem-estar.

Neste artigo, mergulharemos nos dados mais recentes e nas tendências que moldaram esse fenômeno, explorando como o mercado de luxo se tornou um pilar de destaque no cenário econômico brasileiro. De São Paulo ao Centro-Oeste, cada região contribuiu para consolidar 2024 como o melhor ano da história do segmento. Entenda o que impulsionou esse crescimento, quem são os compradores e o que esperar para o futuro.

O boom dos imóveis de luxo

O mercado de imóveis de luxo no Brasil vivenciou um verdadeiro boom em 2024, impulsionado por lançamentos estratégicos e uma demanda consistente por propriedades de alto padrão. Segundo o estudo “Mercado Imobiliário de Luxo Nacional”, publicado pela Brain Inteligência Estratégica, os números impressionam: o volume de unidades lançadas nas categorias luxo (acima de R$ 1,5 milhão) e superluxo (acima de R$ 3 milhões) cresceu 10% em relação ao ano anterior. Já as vendas dessas categorias saltaram 20,8%, gerando um VGV de R$ 29,2 bilhões — um aumento de 18,2%.

O período analisado, de janeiro a setembro, revelou um mercado em constante ascensão, com lançamentos e vendas em todas as regiões do país. Para os especialistas, esse desempenho extraordinário está ligado a dois fatores principais: um crescimento econômico consistente, com o PIB registrando médias anuais de 3% desde 2021, e o apelo contínuo por imóveis que oferecem bem-estar e qualidade de vida. O impacto da pandemia segue vivo nas decisões de compra, especialmente entre empresários que buscam propriedades mais amplas e com maior sofisticação.

Este boom destaca não apenas o vigor do setor, mas também a resiliência de um público exigente que enxerga os imóveis de luxo como investimentos sólidos e seguros para o médio e longo prazo.

O papel do Centro-Oeste no crescimento

O Centro-Oeste despontou como a locomotiva do mercado imobiliário de luxo em 2024, alavancando o crescimento nacional com números impressionantes. Apenas no terceiro trimestre, a região registrou um aumento de 83% no volume de lançamentos das categorias luxo e superluxo em comparação com o período homólogo. As vendas acompanharam esse ritmo, crescendo 62,6% e elevando o VGV da região em 74%.

Esse desempenho extraordinário está diretamente ligado à pujança econômica do agronegócio, que concentra grande parte de sua riqueza em capitais como Goiânia, Cuiabá e Campo Grande. Além de fomentar o crescimento da economia regional, o setor agro impulsiona a demanda por imóveis sofisticados, valorizando o metro quadrado nessas cidades.

De acordo com Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, o Centro-Oeste vive um verdadeiro boom imobiliário, com uma explosão de lançamentos e uma valorização meteórica das propriedades de alto padrão. Esse cenário reflete uma mudança no perfil dos investidores, que cada vez mais veem no mercado imobiliário regional uma oportunidade sólida e estratégica.

A força do Centro-Oeste demonstra que o mercado de luxo não está restrito às grandes capitais do Sudeste, mas se expande para regiões em franco desenvolvimento, consolidando o Brasil como um terreno fértil para investimentos em imóveis de alto padrão.

Regiões em destaque no mercado de luxo

Enquanto o Centro-Oeste liderou o crescimento percentual do mercado imobiliário de luxo, o Sudeste manteve sua posição como a região com os maiores números absolutos. Até setembro de 2024, a região registrou um aumento de 19,2% no número de unidades lançadas, totalizando 4.667 novos imóveis. O VGV dos lançamentos no Sudeste atingiu R$ 14 bilhões, representando um crescimento de 19,6% em relação ao mesmo período de 2023. As vendas também avançaram, com um incremento de 12,3% e um VGV de R$ 15,8 bilhões, 14,9% superior ao ano anterior.

Na capital paulista, o desempenho só não foi mais expressivo devido ao atraso na assinatura do decreto municipal que regulamentou a outorga onerosa, um entrave que limitou os lançamentos no início do ano. No entanto, a situação foi revertida no segundo semestre, levando a um crescimento de 48,5% no número de unidades lançadas e a uma quase duplicação do VGV, que alcançou cerca de R$ 4,5 bilhões no terceiro trimestre.

Além do Sudeste, o Sul do Brasil também apresentou resultados notáveis, especialmente em cidades como Porto Alegre, que registraram crescimento na procura por imóveis de alto padrão em bairros como Bela Vista, Petrópolis e Moinhos de Vento. De acordo com o Jornal do Comércio, essas regiões atraíram construtoras e investidores interessados em atender à crescente demanda por residências sofisticadas. A consultoria Brain apontou ainda que, no primeiro semestre de 2024, o número de apartamentos e salas comerciais acima de R$ 1,5 milhão cresceu 10,6% em comparação com o mesmo período de 2023, indicando um mercado aquecido também no Sul.

Esse panorama regional evidencia a força e a diversidade do mercado de luxo brasileiro, que encontra oportunidades em diferentes localidades, adaptando-se às especificidades de cada público e consolidando-se como uma referência de investimento seguro.

Mudanças no perfil do comprador

O mercado de luxo em 2024 não foi impulsionado apenas por números expressivos, mas também por mudanças no perfil de seus compradores. Empresários bem-sucedidos seguem como o público predominante, movidos por um cenário econômico favorável que ampliou seus lucros nos últimos anos. Além disso, a pandemia despertou um desejo contínuo por qualidade de vida, e esse fator permanece como um dos pilares das decisões de compra no segmento de alto padrão.

Os compradores de imóveis de luxo buscam mais do que propriedades com localização privilegiada e acabamentos sofisticados. A demanda está cada vez mais orientada para imóveis que entreguem experiências completas de bem-estar, como casas espaçosas com áreas de lazer privativas ou apartamentos com infraestrutura premium, incluindo academias exclusivas, piscinas climatizadas e serviços concierge.

Outro destaque é a assertividade desse público. Segundo Álvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor-executivo da Coelho da Fonseca, “o comprador desses segmentos não adiou suas decisões de compra porque vê nos imóveis um ativo com grande potencial de valorização no médio e longo prazos”. Esse perfil confiante reflete o comportamento de um investidor que enxerga o luxo não apenas como consumo, mas também como uma oportunidade estratégica.

Além disso, há uma crescente diversificação no perfil etário dos compradores. Jovens herdeiros e profissionais da nova economia, como executivos de startups e do setor de tecnologia, começam a ocupar espaço no mercado. Para atender a esse público mais conectado, as imobiliárias têm investido fortemente em tecnologia, tornando o processo de compra mais ágil e interativo.

O resultado é um mercado vibrante, onde o imóvel de alto padrão é tanto um símbolo de status quanto uma declaração de estilo de vida. Essa transformação no perfil do comprador reforça a necessidade de inovação contínua no segmento, que se mantém atento às exigências de um público cada vez mais exigente.

Tendências e Inovações

O mercado imobiliário de luxo em 2024 não se destacou apenas pelos números recordes, mas também pelas inovações e tendências que consolidaram sua posição como referência no setor. Com um público cada vez mais exigente e conectado, as imobiliárias e construtoras investiram em tecnologia, serviços personalizados e novas estratégias de atendimento para conquistar os compradores.

Um dos destaques do ano foi a adoção de ferramentas digitais para otimizar a experiência do cliente. Plataformas de realidade virtual e tours 3D se tornaram padrão em lançamentos de luxo, permitindo que potenciais compradores explorassem imóveis detalhadamente sem sair de casa. Além disso, o uso de inteligência artificial para personalizar ofertas e facilitar o contato com corretores ajudou a tornar o processo de compra mais ágil e eficiente.

Outro movimento importante foi a expansão de equipes especializadas em alto padrão. Imobiliárias como a Coelho da Fonseca e a Esquema Imóveis aumentaram significativamente o número de corretores para atender à alta demanda. Essas equipes também receberam treinamento em tecnologia e estratégias de negociação, visando entregar uma experiência diferenciada aos clientes.

O setor também viu um avanço no design sustentável e em imóveis que priorizam o bem-estar. Áreas verdes integradas, aproveitamento de luz natural e sistemas de eficiência energética estão entre as características mais valorizadas em lançamentos recentes. Esses atributos não apenas refletem um compromisso com a sustentabilidade, mas também atendem à busca por qualidade de vida e conforto.

Combinando inovação tecnológica, atenção ao cliente e estratégias sustentáveis, o mercado imobiliário de luxo continua a evoluir para atender às demandas de um público sofisticado e exigente, consolidando tendências que moldarão os próximos anos.

Rumo ao futuro: lições de 2024 e oportunidades para 2025

O desempenho do mercado imobiliário de luxo em 2024 reafirma a força e a relevância do setor no Brasil. Com crescimento significativo em lançamentos, vendas e volume geral de vendas (VGV), o segmento consolidou-se como uma escolha sólida tanto para investidores quanto para compradores em busca de qualidade de vida. Dados e tendências mostram que, apesar dos desafios econômicos e administrativos em algumas regiões, a resiliência e a capacidade de adaptação do setor continuam a surpreender.

A ascensão do Centro-Oeste, impulsionada pelo agronegócio, destacou o potencial das regiões emergentes, enquanto o Sudeste permaneceu como líder absoluto em volume. Tecnologias inovadoras e estratégias focadas no cliente demonstraram ser diferenciais indispensáveis para atender às demandas de um público cada vez mais exigente.

Olhando para 2025, as oportunidades estão claras: continuar investindo em inovação tecnológica, fortalecer a presença em mercados regionais promissores e aprofundar o relacionamento com compradores que buscam não apenas imóveis, mas também experiências completas de bem-estar e sofisticação.

O mercado de alto padrão no Brasil não é apenas uma tendência passageira; é um reflexo de mudanças profundas no comportamento do consumidor e na economia nacional. Resta agora às imobiliárias e construtoras consolidarem esse momento de ouro, transformando os aprendizados de 2024 em estratégias que garantam ainda mais sucesso nos anos vindouros.

Fonte: Valor Econômico e Jornal do Comércio